Os riscos da nova política de produção energética dos EUA

Dall-E, 2025


De Líliam Raña*

O Departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou que dará prioridade à expansão da produção de energia em vez de buscar a meta de emissão zero de gases de efeito estufa. A decisão foi formalizada por meio de uma ordem assinada na última quarta-feira (5) pelo Secretário de Energia Chris Wright, alinhando a política do órgão às diretrizes do presidente Donald Trump.

O governo Trump defende uma política energética baseada na exploração máxima dos recursos naturais do país, argumentando que medidas para atingir a meta de emissão zero aumentam os custos para famílias e empresas, comprometem a segurança energética e reduzem a confiabilidade do sistema. A ordem assinada por Wright reforça que o objetivo do departamento será "liberar a abundância de energia americana necessária para alimentar a vida moderna e alcançar um estado duradouro de dominação energética". Entre as ações previstas estão a aceleração do licenciamento de projetos energéticos, o fortalecimento da resiliência da rede elétrica, a ampliação da capacidade nuclear e a recomposição dos estoques estratégicos de petróleo.

A mudança de diretriz marca uma ruptura com a política da administração anterior. O ex-presidente Joe Biden havia estabelecido como meta a redução das emissões dos EUA a zero até 2050, incentivando a transição para energia limpa e veículos elétricos por meio de subsídios. Paradoxalmente, mesmo durante o governo Biden, a produção de petróleo e gás atingiu recordes históricos, impulsionada pelo avanço tecnológico na perfuração e pela alta nos preços após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Com essa nova direção política, os EUA voltam a focar na exploração intensiva de combustíveis fósseis, o que deve gerar debates sobre os impactos ambientais e econômicos dessa estratégia.

Especialistas em energia e meio ambiente alertam que essa mudança pode comprometer os esforços globais para conter o aquecimento global. Organizações ambientais apontam que a retomada do foco na produção de combustíveis fósseis pode intensificar eventos climáticos extremos, aumentar a poluição e dificultar o cumprimento de acordos internacionais, como o Acordo de Paris. Além disso, a decisão pode desencorajar investimentos no setor de energia renovável, impactando o crescimento de tecnologias sustentáveis nos EUA.

Por outro lado, apoiadores da medida argumentam que a independência energética garantida pelo aumento da produção de petróleo e gás fortalece a economia e a segurança nacional. Com a ampliação da capacidade nuclear e a modernização da rede elétrica, o governo espera evitar apagões e manter os custos de energia sob controle. Ainda assim, críticos questionam se essa abordagem não estaria ignorando os desafios de longo prazo impostos pelas mudanças climáticas e a transição inevitável para fontes renováveis.

A nova política energética dos EUA também pode ter repercussões geopolíticas. Com a intensificação da produção nacional, os EUA podem ampliar sua influência no mercado global de energia, reduzindo a dependência de importações e pressionando países exportadores. No entanto, isso pode gerar tensões diplomáticas, especialmente com nações que têm apostado na transição para uma economia de baixo carbono. O cenário energético global está em constante transformação, e as decisões tomadas hoje podem definir o papel dos EUA no futuro da energia e do meio ambiente.


*Líliam Raña é jornalista e advogada

Fontes: Casa Branca, Departamento de Energia dos EUA

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